terça-feira, 12 de outubro de 2010

Sobre mendigos, indigentes e afins

Boa noite a todos.

Desculpem a demora para escrever. Eu simplesmente não estava a fim.

As pessoas que eu não conheço normalmente gostam de conversar comigo. Não sei bem o porquê disso... mas sei que acontece. Por exemplo: da última vez que eu fui para o Rio de Janeiro, eu estava num cruzamento, o sinal estava verde, mas não tinha como avançar, senão ia fechar o cruzamento. Tinha um carioca no carro do lado... ele fez questão de abaixar o vidro só pra comentar comigo que tinha UM cara de Fortaleza fechando o cruzamento... que o cara saía de lá da puta que o pariu para vir até o Rio pra fazer merda... aí eu falei que o monte de carioca que estava fazendo a mesma coisa estava tudo certo... só o cearense que estava errado. O cara fechou o vidro na hora... Enfim... acontece.

Está todo mundo errado... Só ele está certo.
Sobre o título do post... vamos começar com duas histórias que aconteceram comigo... a primeira delas, mais curta, me remete ao meu passado religioso. Sim, um dia eu tive um. Ia às missas, fui coroinha (não, nunca fui abusado), ia às procissões e tal... até que um dia, estava eu, na procissão, rezando um Pai Nosso (que para quem não sabe, é tradicionalmente rezado com as palmas das mãos para cima), quando um mendigo chega do meu lado e pega na minha mão e continua rezando. Meu irmão, mui amigo... começou a rir. Mas eu não deixei ele de lado... fui lá e peguei na mão dele. A hora que a oração acabou, o mendigo me agradeceu e foi embora.

Outra situação aconteceu na rodoviária. Chegou um desses mendigos querendo dinheiro pra voltar pra casa... O cara começou a me contar que ele e a mulher dele são de Araçoiaba da Serra e que vieram pra Sorocaba e apanharam na rua, e que ele foi pra um hospital e a mulher foi pra outro, e que precisava achar ela ou ir pra Araçoiaba pegar as coisas dele e procurar por ela.

Haja saco...
Eu, que ia pegar o ônibus muito tempo depois, perguntei logo quanto ele precisava. O cara precisava de uns dois reais, mas o que ele conseguisse já estava ótimo. Eu dei logo os dois reais pra ele, esperando que ele fosse embora. O filho da puta sentou do meu lado. Eu estava, na época, com a ilusão de escrever um livro. Parei o que estava fazendo e olhei pro cara: "Escuta... o senhor não vai embora não?" O cara me respondeu: "Não, o ônibus só sai às quatro e meia". Eram duas da tarde. Aí eu olhei, dei de ombros e voltei a escrever.

"Você acredita em Deus?". Foi assim que o mendigo quebrou o silêncio. Dois minutos depois. Respondi que sim. "Tem como você fazer uma oração pra mim?" Eu olhei. Incrédulo. "AQUI????". "Isso, mas bom... se você tiver vergonha, não precisa. Não tem problema.". Na hora, me lembrei de uma passagem da bíblia que fala de quem tem vergonha de Deus e tal. Aí eu rezei um Pai Nosso e uma Ave Maria e o cara foi embora. Deus providencia.

Eu ia contar mais uma história de mendigos que ia ser o motivo principal desse post. Mas ia ficar muito longo. Fica pro próximo. Manolos que se cuide.

Rezar só para um mendigo ir embora... Quantos anos no inferno?
Moral da história: Não adianta. Eles só vão embora a hora que eles querem ir.