Como já deu pra notar, este blog não tem periodicidade nenhuma. Quero ver se mais tarde eu crio um feed.
Uma vez, nos gloriosos tempos de FATEC, estava eu no ponto de ônibus esperando e checando minha carteira, quando tive uma epifania: as carteirinhas de ônibus de estudantes são amarelas, assim como as carteirinhas dos deficientes físicos também são amarelas. Como não tinha nada a perder (tirando por alguns dentes e talvez o próprio ônibus), decidi arriscar.
Essa vaga não é pra você, filho da puta! |
Posicionada a carteirinha, fui arrastando minha perna até a beira da calçada exibindo a minha carteirinha de "deficiente" e gritando: "Motorista!!! Motorista!!!". Quando o motorista estava parando o ônibus, eu já fui me dirigindo à porta de trás e, com certa dificuldade embarquei no ônibus. Não me recordo ao certo se havia lugares vagos ou se liberaram lugar para eu me sentar, mas me lembro de haver pessoas em pé enquanto eu me acomodava confortavelmente no ônibus.
Dada a minha "deficiência" que impedia minha perna de movimentar-se normalmente, levei cerca de um minuto para me acomodar. Primeiro, tentei sentar como uma pessoa normal, mas a perna não deixava. Então eu levantei e fui sentar novamente. Mas, dessa vez tomei o cuidado de entrar no banco "de ré", sentar e então ir puxando a perna que não obedecia. Olhei para as pessoas me encarando no ônibus, mordi os lábios como se lamentando "é foda..." e olhei para fora. Lá estava um dos meus amigos rolando de rir no ponto de ônibus.
Mordi os lábios mais uma vez. Eu sabia que se desse risada ali, eu ia apanhar muito. Logo chegou o outro amigo meu, que iria junto comigo nessa viagem da Fatec até o terminal São Paulo. Ele sentou-se ao meu lado e me olhou, mordendo os lábios. Retribuí, balancei a cabeça e permaneci cabisbaixo, aumentando o clima de pesar dentro do ônibus.
Ganhei cinco anos no inferno por fazer isso. |
Dois dias depois, estou eu no mesmo ponto de ônibus quando aceno para pegar o ônibus. O motorista tinha aberto a porta de trás, mas eu não me toquei e entrei pela frente mesmo, sem qualquer deficiência. Ele só ficou me olhando com cara de ódio.
Moral da história: Nunca confie num deficiente.
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