Boa noite a todos.
Outro dia eu falei sobre uma forma de se
pegar ônibus de graça, hoje vou falar de um treinamento de sensibilização que eu fiz há algumas semanas.
A empresa nos
obrigou a fazer ofereceu um treinamento de sensibilização para com os portadores de deficiência. Eu juro que tentei me manter sério... mas não deu.
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Caezinhos são sempre mais bonitos que pessoas. |
No começo, foram apresentados alguns dados interessantes e que eu duvido que tenham sido calculados... por exemplo: 10% das pessoas no estado de São Paulo são portadoras de algum tipo de deficiência física. É aquela coisa... olhe nove amigos seus... se nove parecerem normais, você deve ter algum problema.
Mas depois, veio a sensibilização de fato... tinha um cara lá brincando na cadeira de rodas e olhou para a minha turma que estava fazendo o treinamento... e perguntou quem queria a cadeira... Eu já fui logo tirando o cara de lá, falando que eu iria pegar a cadeira de rodas, sentando e entortando as perninhas. Fui advertido de que quem pegasse a cadeira de rodas deveria descer até o palco com ela. Havia uns dois ou três degraus. O resto do pessoal que estava comigo se fodeu. Teve uns três que pegaram uns óculos jateados com areia, para simular a perda parcial da visão e outros que pegaram uns abafadores, para simular um surdo.
O objetivo dessa putaria toda era todo mundo ir tomar um café... Porque se a cada 10 pessoas, uma tem deficiência, é extremamente natural, entre 7 pessoas, termos 7 deficientes. Eu observei comovido à cena dos surdos guiando os cegos para a mesa... mas não sou um bom samaritano e decidi me acomodar à mesa antes deles.
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Exemplo de deficiente mental. |
Quando o cego foi pegar
as bolachas os biscoitos, eu percebi que se eles pegassem, iam acabar com tudo e eu não ia conseguir comer mais... Tocado pelo meu espírito de bondade, decidi favorecer ao próximo: meu estômago. Rapidamente, puxei a vasilha com
as bolachas os biscoitos para longe do cego, enchi um copo com suco e passei a observar a cena que se passava ante meus olhos... sentado.
A moça do treinamento perguntou ao cego: "Você quer suco?". O cara respondeu que sim. A moça então falou para ele pedir suco para o cara... O cego pediu. O cara entendeu e colocou suco para o cego. A moça perguntou: "Espera aí. Você gosta de suco de goiaba?". "Não", respondeu o cego, rapidamente. A moça então disse: "Então fala pra ele". E o cego falou... mas o cara com quem ele estava falando era surdo... eu comecei a rir... Sem ajudar.
Acabou o tempo e tivemos de devolver nossas deficiência aos organizadores do curso. Antes disso eu perguntei se realmente tinha de descer os degraus. A moça me disse que não, porque isso era antes do café e tal. Não me dando por contente, fui tentar descer os degraus mesmo assim... quando cheguei perto, ouvi a moça gritar: "Gente, pelo amor de Deus!!! Ele vai tentar descer mesmo!!! Segurem ele!!!". Isso pareceu bastante encorajador.
Como até então eu havia pilotado a cadeira com exímia destreza, pensei que não teria problemas. Até que eu cheguei de frente com os degraus... Eu sei que quando se está sozinho, deve-se descer os degraus com uma cadeira de rodas de costas para o degrau. Isso mesmo, de ré. Mas dado o tamanho do degrau e das rodas da cadeira, eu acho que se eu tentasse, iria acabar definitivamente precisando de uma cadeira para mim. Para sempre. E decidi não descer.
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Direitos iguais. |
Devolvi a cadeira e voltei a andar. A moça do treinamento perguntou o que achamos. Bom... da minha parte, eu achei o treinamento divertido... mas respondi que a sensação foi horrível. A mulher perguntou porque... se eu estava pilotando tão bem... eu disse que não consegui descer os degraus... Aí ela continuou dando alguns conselhos, que eu provavelmente teria feito o contrário se ela não tivesse me avisado. Segue para vocês:
* Cegos também usam verbos como "ver", "enxergar"
* Ao falar com um surdo, você pode falar como você falaria com qualquer outra pessoa. Falar rápido demais ou devagar demais, altera a forma como você mexe a boca, dificultando a leitura labial.
* LiBraS (Linguagem Brasileira de Sinais) é o segundo idioma oficial do Brasil (não é um conselho, mas eu achei uma informação legal)
* Não se apóie ou fique amontando coisas nas cadeiras de rodas dos paraplégicos/tetraplégicos. Especialmente se eles estiverem utilizando-as. Uma vez que o sujeito passa a depender da cadeira para locomoção, a cadeira passa a fazer parte do corpo da pessoa e não é legal se alguém ficar se apoiando em você na rua, não é verdade? Observações do tipo: "segura isso aqui pra mim, você não sente as pernas mesmo, não vai se incomodar com isso..." também não são legais.
* Muletas, assim como cadeira de rodas, são parte do corpo da pessoa e não é legal você chegar num teatro ou cinema e falar: "Vou tirar essa porcaria daqui e colocar ali do lado porque está atrapalhando. Se você precisar, você fala pra mim que eu pego.". Vai ser um saco para o manco pedir para você pegar, caso ele precise ir ao banheiro e vai ser um saco para você ir lá pegar também. Ninguém também vai se lembrar de ir buscar as muletas caso o lugar pegue fogo.
Apesar da seleção natural cumprir o seu papel.
Confesso que ri muito quando ela falou dos dois últimos. Depois disso ela botou um vídeo de um cara que não tem os braços e tocou violão para o Papa João Paulo II. Embora o vídeo fosse sério e devesse soar como lição de vida, eu não aguentava quando ele falava: "Elle no tiene los brazos!!!"
Acompanhem o video abaixo.
Moral da história: vigiem seus filhos e não deixem que se transformem em professores mortos de fome.
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A figurinha do inferno não poderia faltar. Tanto pela história quanto pela moral. |