Em primeiro lugar, estou chateado com o desempenho do blog... Tirando algum desocupado que votou nas reações ali embaixo, ninguém comenta... eu me sinto um retardado escrevendo para ninguém... Se bem que esse era o propósito inicial do blog.
Enfim... como alguns já sabem, eu já fui atropelado uma vez... Embora um amigo meu costume dizer que fui eu quem atropelou o carro.
Deve ser legal ter um carrinho desses |
Eu me lembro que era lançamento do filme O Senhor dos Anéis, alguma das edições. E fomos eu e mais dois amigos para Itu (porque Porto Feliz é uma bosta e não tem cinema). Como eu não tinha habilitação ainda, fomos de ônibus para lá e como éramos muito pães-duros (existe plural para essa expressão??), não pagávamos um real pela passagem dentro de Itu e andávamos a pé por mais de um quilômetro.
Assistimos ao filme e fomos embora. Andamos essa distância toda bem lentamente para pegar o ônibus sóóóóó na próxima hora. Mas, aconteceu que um dos caras viu que tinha um ônibus saindo e disse que se corrêssemos, poderíamos pegar aquele. Não gostei da idéia, mas fui no embalo.
Ele atravessou a rua correndo e eu, ignorando o que minha mãe sempre me ensinou de olhar para os dois lados para atravessar, fui no embalo. Não deu. A hora que eu olhei para a esquerda, tinha um jipinho da Kia vindo... ele freou e tal... a hora que eu vi, eu tentei parar, mas a inércia jogou meu corpo para a frente. A única coisa que eu tive tempo de tentar fazer foi botar o braço na frente do rosto para não estragar mais ainda a minha cara.
Dói na hora. |
Quando o cara conseguiu parar o carro, eu falei para ele ir embora e pedi desculpas, afinal, a culpa era minha. Foi tudo muito rápido. Enquanto eu corria para o ônibus, esse amigo meu voltava na direção do carro. A única coisa que eu pensei é que ele daria um chute na porta, iria arrebentar quem estivesse no carro e nós seríamos presos e não saíriamos dali antes das dez horas da noite. Eu gritei para ele não ir lá, já que a culpa era minha... Aí ele calmamente me disse: "Não, seu imbecil!!! Eu estou indo pegar as suas coisas que estão todas jogadas na rua..."
Beleza. Ele pegou, o busão tava quase saindo... quando eu comecei a bater na porta com a mão toda ensanguentada. Para o motorista, devia ser algum filme de terror. Subi no ônibus e virei a atração do momento. O cobrador olhava para mim sem piscar... eu paguei e ele nem se ligou em devolver o troco, até que eu cobrei. Minha cara doía e meu nariz pingava sangue pelo chão. E eu ainda estava tonto. As pessoas olhavam para mim e quando eu olhava para elas, elas viravam a cara. Quanta bondade!
O cobrador perguntou ao meu amigo se eu havia levado uma surra. "Que nada... ele acabou de ser atropelado...", respondeu o meu amigo com toda a tranquilidade do mundo. O cobrador ficou ainda mais assustado. Mas depois disso teve uma boa alma que deu um saco de lencinhos de papel para eu tentar estancar o sangue.
Um outro passageiro, comovido com a situação, me deu um lenço branquinho, que eu agradeci e deixei todo vermelho. Também perguntou se eu apanhei, eu disse que não. Ele então começou a me contar histórias da vida dele, de bebedeira e acidentes de trânsito. Não que me interessasse, mas estava divertido. No final eu ainda devolvi o lenço para ele. Sim, sou filho da puta.
Devolvo um lenço cheio de sangue para um estranho... Ele com certeza não vai usar de novo. Mais alguns aninhos no inferno. |
No final do ano (sim, quase um ano depois), eu contei para ela que na verdade eu tinha sido atropelado. Ela chorou.
Moral da história: Sempre olhe para os dois lados e nunca minta para a sua mãe.
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